quarta-feira, 27 de junho de 2012

O Mundinho é um Universo


Pergunto-me, o que é gostar?
O que é amar?
Existe amor desprovido de interesse? Verdadeiro?

Outro dia o poeta escreveu que era sozinho, que se sentia sozinho.
O poeta dizia, em “Sozinho”, que não incomoda ninguém.
Exatamente isso. O poeta está sozinho na prática.
Ele não precisa de ajuda de mãos, de corpos.
O poeta nunca sentiu falta de corpos.
Não era fraco, mas estava sozinho.

Sua mão é forte, menos calejada do que gostaria, mas forte.
Tão forte que resolve seus próprios problemas e ainda sobra para amparar terceiros.
Não, o poeta não sente falta de corpos, pois, corpos, teve aos montes.
Macios, cheirosos, dengosos, gostosos: fêmeas.
Ah, as fêmeas. Nós sempre nos achamos. O carinho que dão, satisfaz o poeta.
O poeta até ama algumas fêmeas.
Um amor ancorado no sexo, não no plexo.
Mas as fêmeas não enxergam o poeta, enxergam o macho.
E ele segue, na prática, sozinho.

O poeta não se sente sozinho materialmente. Nem na doença.
O poeta enfrenta a doença.
O poeta vê a morte, vê os doentes e sabe o que fará na sua hora.
“Sozinho” quis dizer que o poeta se sente só na luta,
Que ele ajuda mas não tem quem o ajude. 

Sozinho era sentimental. Era a falta de ser olhado por um olhar despido:
De interesses pessoais, de desejos carnais, de oportunismos.
Era sentir a dor de não ter ninguém de verdade com ele.
De estar sozinho, de não ter ninguém que dissesse:
Veja poeta, fiz isso pra você, pensei em você, eu sabia que você precisava,
Não precisa me dar nada em troca, poeta, eu gosto de você de graça.
O poeta estava escuro, vestia grossa armadura, olhava com raiva.
O poeta estava triste, se sentia sujo, abandonara a si mesmo.
Sentiu o Sol renascer quando viu um olhar. Viu um olhar despido.
Absolutamente transbordando de amor. Um amor medroso, um amor fujão.
Mas uma via Láctea de amor. E a armadura do poeta se abriu como lata de sardinha.

Como traduzir em palavras o sentimento da descoberta.
Eu posso! Gritava para si mesmo o poeta.
A cada dia uma reafirmação da alegria.
O poeta buscava achar a sujeira, mas só encontrava a pureza.
O poeta podia ser puro, estava ali, na frente dele!
Foi tão gostoso, tão sublime, que o poeta teve medo.
Teve medo de voltar a ser o que era.

Pensou que talvez não estivesse mais sozinho.
Mas o poeta é tão insignificante perto do universo do olhar.
O olhar tem tanta coisa melhor, mais importante do que o poeta.
Que pretensão ser amado pelo olhar.
Mas que será de mim quando eu for esquecido? Pensava.
Se sentiu pequeno, se sentiu sozinho, de novo.
E de novo doeu e ele escreveu "Sozinho".

Mas no pequeno mundinho ele se mostrou, sorriu, chorou, amou.
Olhou e foi olhado. E novamente olhou e foi olhado.
Viu uma menina olhando pra ele.
Viu a menina acenando pra ele.
Viu a menina olhando com amor.
Viu a menina com medo.
Medrosos, pessimistas, briguentos, amigos.
Amor.

Se os invejosos soubessem da verdade, ficariam com mais inveja.
O amor verdadeiro existe e só é desgastado pelo medo.
O medo é que afasta, que deixa sem graça, que tira o sabor.
Duvidamos. Antes de ser abandonado, eu abandono.
Passa tempo, passa...
Passa sim, mas passa comigo.

Não quero ligar só para pedir um dinheiro,
Não quero só pra ter ajuda quando estiver doente.
Quero ligar pra pedir um sorriso.
Quero escrever pra roubar um sorriso.
Surpreender, carinhosamente, com um sorriso.
Cuida do poeta. Cuida de mim.
Não me deixe sozinho. Por favor.
Como posso acreditar que não estou mais sozinho
Se até você me abandona?

O poeta adora saber que alguém o ama despido.
O poeta adora saber que alguém se derrete com um sorriso.
Eu amo olhar a menina refletida nos seus olhos.
O ogro ama ser olhado com amor.
Mas o mundinho do poeta é tão pequeno, seu tempo é tão curto.
Mesmo assim transformo o mundinho em um universo, todo dia.
É um esforço pra dizer sem usar palavras: por favor, não me abandona.
Porque não vou te abandonar.

Quem sabe um dia o mundo me ache gay ou assexuado.
Aí, tudo se realiza.
Na delícia de uma ciranda bem dançada,
No correr de mãos dadas rindo para o mundo e do mundo,
Num cafuné no colo vendo a lua,
No comer com as mãos uma guaca mole com alface
Olhando a paisagem de um passeio, sem medo.
Salvas-te o poeta e ele te ama.
Amaste o poeta e ele declama, todo dia.






7 comentários:

Anônimo disse...

não entendi muitas coisas, mas peço desculpas por ter vindo pra tão longe. não se sinta sozinho...

Anônimo disse...

Não precisa me dar nada em troca ,poeta , eu gosto de vc de graça . Já comprou a sunga branca ? Rs

Ricardo Jimenez disse...

Vou comprar. E fazer um curso de teatro pra usar enquanto estiver por perto, pra poder te proteger, como sempre. Parecendo o que não sou as línguas se acalmam, a gente se esbalda e de quebra vc me arranja umas amigas pra eu ser o jack Lecler delas...

Anônimo disse...

Tudo bem , trato aceito . Acho que eu não preciso arranjar umas amigas , vc tá sempre rodeado...

Ricardo Jimenez disse...

Não esqueça do mágico. aliás um novo texto está no forno e o título será exatamente esse:"o Mágico". vc ainda não viu nem 30% do que sou, rs. Aguarde...

Anônimo disse...

Tenho medo de mágicos.

Ricardo Jimenez disse...

Você tem medo de ilusionistas, vc ainda não tinha encontrado um mágico...