Mais do que Todas Juntas
Me desculpe, seu Lenine,
Perdoe o meu proceder.
Sua homenagem é muito bela,
Você viu na imagem dela,
Todas juntas num só ser.
Mas você não tem noção
Daquela que eu conheço,
Quem conhece não esquece,
Infinito é o apreço.
É uma fogueira efusiva
Uma luz brilhante e viva.
Do calor que ela espalha,
Saem brasas de amor.
Essas brasas são bem quentes,
Mas nunca causam dor.
Em diversos corações
O calor faz moradia.
Quem tem essas brasas dentro
Não sofre mais com tormento,
Só vive na picardia.
Tá vendo, meu bom Lenine,
Porque resolvi falar?
Homenagem eu também faço,
Não tremo, não me embaraço,
Somente não sei cantar.
Some todas que quiser,
Além dessas da canção.
Carolina, Vera Gata, Drão...
Luiza do Tom.
A Tereza do Benjor?
Te garanto, meu Lenine,
A minha é muito melhor.
Acho que vai duvidar
Isso é coisa natural,
Mas com muita alegria
E vontade sem igual,
Vou mostrar o que acontece
Quando essa moça aparece,
É felicidade geral.
Tomaz Antônio Gonzaga
Também não a conheceu.
Se conhecesse ele diria,
Mais intenso que um Romeu,
Que ela é muito mais bonita
Que a Marília de Dirceu.
Vou falar pro Caetano
O “que” também “me aconteceu”,
Que o cabelo dessa moça
Também “treme ao vento ateu”.
Vamos botar mais mulher
E mexer esse cadinho?
Quanto mais mulher somar
A minha ainda vai superar,
Nem que seja um bocadinho.
É uma prova inconteste,
Como uma obra de arte,
Da famosa teoria
De que o ser é maior ainda
Que a soma das suas partes.
Some todas, todas as formas,
Sutilezas e nuances,
Some tudo e, ainda assim,
A minha será para mim
Ainda melhor do que antes.
Você pode me dizer,
Com autoridade formal:
“Ela não é tão boa assim,
Pois seu nome não é Gal”.
Te respondo, meu amigo,
O seu nome não é Gal,
Mas no palco da minha vida
Ela é a maioral.
“Tem sabor de manga rosa?
É morena tropicana?”
Não, seu Lenine, não é.
Mas a morena tropicana,
Com caldo de cana caiana,
Não chega nem perto do mel
Dessa “tigresa” agulhana.
É uma moleca inquieta
Ativa, muito sapeca.
Supera em muito, desbanca,
Qualquer mulata de um samba
Do querido amigo Zeca.
Além dessas da canção,
Outras vou misturar,
Roxana, Dalila, Tiêta,
Simone de Beauvoir.
“Maria Bonita a supera?”
Só se for na pontaria,
Mas não tinha o seu fogo
E nem a sua ousadia.
Se vivesse no cangaço,
Lampião não aguentaria.
Satisfeito, seu Lenine,
Ou devo continuar?
Bote aí a Kátia Flávia,
A godiva do Irajá,
Que tal a Leila Diniz?
Ou a garota de Ipanema?
Nada disso é mais feliz
Que a mulher desse poema.
Supera todas as outras,
Sua beleza é mais vibrante,
Não foi ela que o Roberto
Chamou de amada amante?
Ataúlfo fez Amélia,
Que não tinha vaidade.
Isso a minha tem de sobra,
Mas sempre com humildade.
Pra cuidar do que é seu
Passa roupa com carinho.
Cozinha, limpa o chão,
Segura o tchan direitinho.
Agora acho que chega,
Lenine se convenceu.
Respeito sua canção,
Mas valorizo o que é meu.
Cada um tem sua musa,
E a sua é de A a Z,
Mas a minha não tem letra
Pra que eu possa descrever.
Essa é minha homenagem
Àquela que tanto amo.
Sua beleza é uma miragem,
É mais linda, é mais selvagem,
Que a musa do pernambucano.
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