segunda-feira, 30 de julho de 2012

A Arca da Alegria



Outro dia viu tristeza
Saindo daquele olhar.
Não pôde admitir,
Nem mesmo se conformar,
Pois a dor dos contratempos
Basta a ele carregar.

Decidiu correr atrás
De um mito muito famoso,
Montou em seu alazão,
Forte, ligeiro, formoso.
Saiu no galope veloz,
Valente e esperançoso.

Correu mundo, procurou,
Visitou vales e montes.
Jogou moeda nas fontes,
Vasculhou as cercanias.
Fez de tudo pra encontrar
A Arca das Alegrias.

Esse mito caboclo
Venceu muitos valentões,
Foi o desejo da vida
De príncipes, condes, barões.
Pois a Arca da Alegria
Tira da noite pro dia
Toda a dor dos corações.

Dizem que esta arca,
Criada no arco-íris,
É o remédio mais do que certo
Pra todas as cicatrizes.
Foi feita há muito tempo,
Por deuses muito felizes.

Desceu o vale profundo,
Com o povo foi falar,
Aprendeu com quem detém
A Sabedoria popular.
Falou com a velha senhora,
Sentou na mesa do bar.

Entendeu que aquele povo,
Feliz, rindo a cantar,
Trabalha, acorda cedo,
Antes do Sol raiar,
E cura suas feridas
Sem com a arca contar.

Mas isso não era novo,
Disso ele já sabia,
Pois também eram guerreiros,
Nosso herói e a guria.
Enfrentavam como leões
Os problemas do dia a dia.

Mas aquilo que sentia
Não era coisa banal,
O olhar daquela moça
Era algo sem igual,
Gostaria de isolá-la
Da ação de todo o mal.

Foi ter com o coronel,
Cheio de terra e riquezas,
Mas só dinheiro não compra
Uma vida de belezas.
O coronel bem que sabia
Da tal Arca da Alegria,
Mas nunca a encontrou
E vivia em agonia.

Já no fim, muito cansado,
Sentou-se no chão a chorar.
Como poderia sem a Arca
A linda menina ajudar?
Resolveu um certo dia
Ir no circo perguntar,
Encontrou com um palhaço
Que não sabia falar.

O palhaço já bem velho,
Com sabedoria bastante,
Explicou com sua mímica
Para o homem soluçante,
Que ter a posse da arca
Não era o mais importante.

“Seu desejo era encontrar
A Arca das Alegrias
Para transformar uma vida
Num mundo de fantasias?
Mas isso é impossível,
Nem com a arca daria.

Transforme os seus momentos
Num lindo conto de fadas,
Crie com muito amor
Histórias bem encantadas.
Como eu no picadeiro,
Faça muitas palhaçadas.
E por trás das cortinas
Quando a dor da vida entrar,
Mostre que está ali
Com a ternura de um olhar.”


2 comentários:

Anônimo disse...

Como crítica, nada especializada , como é perfeito essa capacidade de colocar sentimentos em palavras, criar estórias, fantasias encantadas e essa leveza... Obsv: a tua dívida só cresce rs . Dois beijos...

Ricardo Jimenez disse...

o que eu mais gosto é de fazer seu olho brilhar com uma estória bacana, encantada, mais tenho medo de não conseguir isso ultimamente... 3 beijos