Um Prazer Desconhecido
Nádia vivera até aquele momento uma vida normal para uma menina de
classe média de um bairro tranquilo da capital. Fora a filha tão esperada dos
pais, a bonequinha protegida do irmão mais velho, uma aluna considerada
inteligente. Tivera uma infância feliz, repleta de recordações, e uma
adolescência comum, com amigas, risos e o dia do primeiro beijo devidamente
anotado em seu diário.
Acabara de completar 23 anos. Advogada formada, estagiando num excelente
escritório, com grande potencial de futuro. Ficara noiva de Cláudio, um rapaz
prestativo e trabalhador, com quem namorava desde os 19 anos, e que, acima de
tudo, amava-a muito. Tinha a mais absoluta certeza de que com ele viveria um
casamento normal e tranquilo.
Nádia nunca tivera muitas preocupações existenciais, pensava no rumo que
a vida estava tomando e aceitava-o de forma bastante natural. Casaria, teria
filhos, tudo como o planejado, se não diretamente por ela, pela família, pelo
mundo, sabe-se lá por quem, a vida é assim mesmo. Não iria abandonar a
profissão, disso tinha certeza, mas já havia há muito se conformado com a ideia
de que suas asas não seriam tão longas assim. Afinal, o casamento e a família
eram prioridade. Não é assim que nos ensinam?
Somente em certos momentos, que nos últimos tempos tornaram-se mais
frequentes, sentia uma certa angústia, não sabia bem o motivo, o peito
apertava, a respiração se acelerava, um incômodo na boca do estômago. Nunca
fora de grandes aventuras ou de grandes ansiedades, mas aquilo estava realmente
intrigante.
O estágio no escritório era interessante do ponto de vista profissional,
nada muito divertido, mas convivia com um pessoal amigável, inteligente e,
entre eles, era especialmente próxima de Ester, também estagiária e na mesma
faixa de idade de Nádia.
Ester era bem diferente de Nádia. Ousada,
ansiosa, ligeiramente irresponsável, bastante despudorada e, decididamente,
solteira. Nádia gostava bastante de Ester, curtia as oportunidades em que saíam
do escritório para bater um papo e tomar uma cerveja num barzinho qualquer. Apreciava
imensamente as maluquices da amiga e pensava consigo mesma que, perto das de
Ester, suas experiências sexuais eram quase nulas. Tirando o tempo em que
estava com Cláudio, havia somente tido contato com outros dois rapazes, sendo
que com um foram apenas beijinhos inocentes e com o outro, umas passadas de mão
dentro do carro.
Ester falava abertamente de sexo, tamanhos,
posições e uma infinidade de safadezas que entretinham Nádia e, por vezes, a
faziam dar muitas risadas. Nádia perdera a virgindade com Cláudio após três
meses de namoro e, depois de algum tempo, aprendeu o que era um orgasmo.
Transava com certa frequência, mas nada do que fizera ou sentira se aproximava
daquilo que Ester contava em suas histórias.
E, novamente, estavam as duas num barzinho,
naquele final de tarde, após algumas cervejinhas. Ester, como sempre, acabara
de contar mais uma de suas peripécias e Nádia estava pasma.
- Acho que você
inventa algumas de suas histórias, Ester. Não é possível, essas coisas só
acontecem em revista ou filme. E deu uma risada gostosa.
- Você diz isso,
Nádia, porque nunca levou vara de verdade, nunca fez nada de sem vergonha, de
perverso, mas um dia vai fazer e aí você me fala. Você só deu para o seu noivo,
querida, isso é imperdoável. No mínimo terá de fazer uma despedida de solteira
decente. As duas riram bastante.
O tempo foi passando na mais perfeita
harmonia. Nádia, além do trabalho, estava envolvida cada vez mais nos planos
para o casamento. Discutiam a possível data, a compra de um apartamento, planos
futuros, enfim, tudo o que cerca um casamento. Até mesmo aquela angustiazinha
frequente havia quase desaparecido.
Certa manhã, chegando ao escritório, foi
chamada na sala do doutor Rubens, seu chefe. Doutor Rubens era o filho de um velho
amigo de seu pai, que gentilmente a recebera como estagiária no escritório. Era
um chefe amigável, extremamente educado, sério e compenetrado no trabalho.
Nunca tivera problemas de relacionamento com ele e nem com nenhuma outra pessoa
do escritório. Tinha absoluta certeza da sua efetivação como advogada em tempo
breve.
- Bom dia, Nádia,
sente-se, por favor. Pedi para que viesse até aqui porque tenho algo importante
a lhe dizer.
Rubens
disse isto enquanto ajeitava a gravata e passava a mão no cabelo fixado com
gel. Tudo nele era impecável. De tamanho franzino, de maneiras delicadas, por
volta dos trinta anos, ternos sempre perfeitos, um verdadeiro dandy.
A expectativa de Nádia era grande, porque
poderia estar para ser anunciada a sua tão esperada efetivação.
- Bom, acho que a notícia
que tenho para dar é boa. Estive conversando com os sócios do escritório e
decidimos pela sua contratação como nossa advogada.
Um grande sorriso surgiu nos lábios de
Nádia, teve vontade de se levantar e dar um abraço em Rubens, mas a prudência a fez
permanecer sentada.
- Poxa vida, doutor
Rubens, sinto-me muito honrada com esta notícia. Muito obrigada.
- Também fico feliz e
acho que você mereceu. Disse o doutor Rubens com um carinho sincero. Mas tem
mais uma coisa, nos próximos seis meses terei que realizar um curso nos Estados
Unidos e você vai, durante este período, trabalhar com o doutor Jorge, da filial
do Rio de janeiro. O Jorge vai me substituir aqui durante o tempo em que eu
estiver fora e você irá se reportar diretamente a ele. Vai ser muito bom para
você, ele é um excelente profissional e vai te passar muita experiência.
Trabalhou o restante do dia feliz com a
notícia, voltou para casa e contou a novidade a todos. Agora tudo se
encaminhava para o casamento planejado. Somente na hora de dormir voltou a
pensar na conversa que tivera com o doutor Rubens. Como será esse tal de Jorge?
Suspirou.
-
Dali a uma semana o doutor Rubens já havia
viajado e chegara, enfim, a manhã do dia da apresentação do novo comandante temporário
do escritório, doutor Jorge de Melo.
Nádia chegou ao escritório animada e, assim
como todos, na expectativa. Jorge foi apresentado a todos pelo doutor Sá, um
dos sócios. Nádia foi tomada de surpresa, esperava algo semelhante aos
advogados que frequentavam o escritório, mas via à sua frente um homem jovem,
másculo, alto, queimado de Sol, sorridente, mas com pose de autoridade.
- Bom dia. Será um
prazer poder trabalhar alguns meses com vocês. Tenho ótimas referências de
todos aqui. Com o passar do tempo vocês irão me conhecendo melhor e eu a vocês.
Você deve ser a Nádia, não?
- Sim, muito prazer.
- O prazer é meu. Me
acompanhe até minha sala, por favor. Enquanto a vocês, ao trabalho, tudo
continua igual.
Falou com a enorme naturalidade de quem é
acostumado a mandar.
Nádia, estranhamente, gostou do que
presenciara. Entrou na sala que era do doutor Rubens com uma satisfação que não
entendia.
- Bom, Nádia, o
Rubens me passou que você foi recentemente contratada e que é uma profissional
bastante qualificada. Acredito que nos daremos bem. Vou assumir todos os casos
do Rubens até sua volta e quero que você trabalhe exclusivamente comigo, tudo
bem?
- Sim, doutor Jorge.
Será um prazer, pode contar comigo.
- Muito bem. Faça um
relatório completo dos casos prioritários e deixe sobre minha mesa no final do
dia. Pode ir.
O modo de falar chocou, para o bem e para o
mal.
E assim foram todos os dias: ordens, prazos,
cobranças, nenhum elogio e nenhuma folga. Aprendia muito, mas sentia-se
bastante cansada. Porém, o que mais a incomodava era o fato de que no trato com
sócios e clientes, Jorge era o oposto: alegre, leve e divertido. Mas com Nádia,
nada.
Ser tratada de maneira profissional, polida
e respeitosa era tudo o que Nádia podia desejar de um chefe. Mas ser tratada
exatamente dessa forma por Jorge a deixava com raiva. Nádia não sabia como e
nem o porque, mas aquele homem estava mexendo com ela. Cada ordem, cada posicionamento
firme que tinha a deixava mais fascinada. Surpreendia-se olhando para ele e, em
casa, pensava nele.
-
Nádia não tinha se dado conta, mas, com o
passar das primeiras semanas, havia mudado bastante. Nunca houvera sido
desleixada com a própria imagem, mas nos últimos tempos ela se vestia de
maneira sexy, ombros à mostra, batom nos lábios, perfume, salto alto. Entre
seus colegas de trabalho essa mudança não passou incólume.
- O que está
acontecendo, Nádia?
- Como assim, Ester?
- Todos têm notado e comentado
como você mudou, e não só a roupa, o andar, a postura. Tá dando pra alguém? Riu
cinicamente.
- Para o meu noivo. Agora
que me efetivei e estou progredindo, tenho que manter a postura. Mas as línguas
de trapo nunca perdoam, não é?
Aquela conversa com Ester a fez parar em
frente ao espelho do banheiro e se olhar. Será que algo tinha mudado? Será que
alguém percebia sua ansiedade diante da presença de Jorge?
Naquele mesmo dia Nádia iria tomar
conhecimento de que não eram apenas os colegas de escritório que haviam notado
suas mensagens comportamentais. Jorge, instintivamente, tinha percebido a
insegurança de Nádia e, sabedor de sua história através de Ester, armara o bote
para saborear mais uma noivinha deliciosa.
-
Era de tarde e Nádia estava na sala de Jorge
passando uns informes sobre o andamento de alguns processos. Neste dia vestia
um conjuntinho charmoso, porém sério, de saia e blazer pretos ajustados com uma
blusa branca.
-Então está tudo
certo. Ótimo trabalho, Nádia.
Pela primeira vez, Nádia notou um tom de voz
diferente em Jorge. Em menos de dez minutos ele havia sorrido para ela duas
vezes de modo misterioso, discreto, mas com o um olhar profundo. Estar sozinha
com ele naquela sala era uma situação corriqueira, mas o clima dessa vez a
estava deixando um pouco ofegante.
Ela estava de costas arrumando os papéis
sobre a mesa quando sentiu a presença dele às suas costas. Dava para ela sentir,
com a proximidade, o calor do seu corpo.
- Seu perfume é muito
bom. Disse Jorge de modo decidido.
- Obrigada. Nádia deu
uma resposta buscando ser firme, mas estava trêmula.
A situação que estava armada tinha tudo para
acabar ali mesmo, numa frustrante saia justa. Mas Jorge estava no controle da
situação, sua experiência lhe dava a segurança sobre os reais sentimentos de
Nádia, mesmo que a timidez desta os levasse a um desajeitado distanciamento.
Nádia virou-se de frente na intenção de sair,
mas Jorge permaneceu onde estava, olhando em seus olhos. Com a firmeza de
sempre, colocou a mão em seu cabelo ajeitando-o atrás de sua orelha. Sem que
Nádia dissesse uma única palavra, ele segurou-a pela nuca. A sensação de
firmeza daquele toque deixou Nádia arrepiada.
- Volte aqui no final
do expediente. Disse Jorge num tom baixo, quase com a boca colada na boca de
Nádia.
Nádia saiu rápido, desconcertada. Não viu o
sorriso confiante de Jorge ao vê-la sair assim.
Inúmeras emoções formavam um turbilhão nos
pensamentos de Nádia. O que era isso? Nunca imaginara passar por algo assim.
A vida dela sempre fora tão calma e agora isso? Passava do arrependimento para
a culpa e dessa para a raiva, mas tudo terminava na inacreditável sensação de
taquicardia e ardência na boca do estômago.
Havia tomado uma decisão, iria entrar na
sala dele ao final do expediente e dizer que aquilo era um engano, que era
noiva e iria casar, além disso, era séria e o que havia rolado deveria ser
esquecido. Pensava também em não parecer ofendida diante dele, não era para
tanto, mas deixaria claro que o que ocorreu na sala mais cedo era errado e era
melhor que ambos fingissem que nunca tinha acontecido. Mas a ardência só
aumentava.
Entrou na sala fingindo decisão. Encontrou
Jorge de costas para a porta, de frente para sua mesa de trabalho, mexendo
alguns papéis. Foi logo falando, com a voz trêmula.
- Preciso te falar
uma coisa. Acho que aquilo que houve mais cedo...
Rapidamente, Jorge virou-se pegando-a forte,
envolveu-a em seus braços e, sem que houvesse tempo de reação, a beijou
sofregamente. Nádia só teve tempo de respirar forte e segurar nos ombros de
Jorge.
Jorge segurou firme o corpo de Nádia,
encostou-a na parede e se deliciava com a maciez de sua língua e a doçura do
cheiro daquela fêmea. Sentia o beijo ser correspondido, pressionava a pélvis
contra Nádia, que podia sentir totalmente a excitação de Jorge.
- Todo mundo já foi?
Sussurrou no ouvido de Nádia.
- Já. Respondeu com a
voz vacilante.
Com a mão firme, suspendeu sua saia, abaixou sua calcinha e com firmeza, mas de modo carinhoso, apalpou sua xoxota
quente e úmida de tesão.
- Ai, não, eu não
posso, não faz isso, ai, ai... Gemeu gostoso quando sentiu o dedo de Jorge
massagear seu clitóris.
Nádia nunca havia sentido tamanho desejo. A
língua áspera em sua boca, a pegada forte no seu corpo, os movimentos decididos
de Jorge, o fato de estar com a calcinha abaixada, tudo era novo, um prazer
ainda desconhecido.
- Gostosa. Disse
Jorge enquanto abria os botões de sua blusa e levantava o sutiã com as duas
mãos, colocando, um de cada vez, os peitinhos de Nádia em sua boca. Nádia só
gemia.
- Eu estava louco pra
sentir você. Cheirosa, gostosa. Disse Jorge ao seu ouvido.
Num
movimento rápido, suspendeu sua saia acima do quadril, levantou-a no colo
colocando suas pernas em volta da sua cintura. Não havia tempo para recusas, as
respirações aceleradas se misturavam e as línguas se roçavam despudoradamente.
Jorge a penetrou, forte, decidido. A cada estocada um novo grito, os corpos
mexiam num movimento ritmado.
- Tá gostoso? Quer
mais? Diz pra mim, diz...
- Ah, ai,
hum...quero, tá...gostoso, ai, ai, ahhhhhh...
O orgasmo veio de uma vez só e tomou todo o
corpo de Nádia. Foi uma sensação de prazer maravilhosa que terminou em um
sensacional sentimento de satisfação e de relaxamento.
Ainda com os corpos colados, olharam-se nos
olhos, profundamente. Jorge a beijou ternamente e a colocou no chão. No mais
completo silêncio, Nádia se arrumou e deixou a sala.
-
Nádia pouco dormiu naquela noite. Desmarcara
um compromisso com o noivo, não quis jantar e se trancou em seu quarto.
Desconversou alegando indisposição quando questionada pela mãe do porque de
estar esquisita.
Sentia-se meio culpada em relação ao noivo,
mas o que a incomodava era a emoção que estava sentindo. Experimentara uma
sensação única e ainda desconhecida nos braços daquele homem e, para seu
próprio desespero, queria mais. Mas, não, de jeito nenhum, estava decidida a
não seguir em frente com aquilo. Falaria com Jorge definitivamente na manhã
seguinte.
Pela manhã, no escritório, se surpreendeu
com a ausência de Jorge. Mandara avisar que estaria fora o dia todo e que era
para Nádia tocar as coisas em sua ausência. Esse acontecimento inesperado a
desarmou. No meio do dia ela já havia se esquecido de sua determinação em
acabar com tudo e só pensava em Jorge, nos seus beijos e em tudo o que lhe havia dado
tanto prazer.
Eram cinco horas da tarde quando Jorge
entrou no escritório. Nádia, que já não esperava mais vê-lo, recebeu o chefe
com o coração aos pulos.
- Boa tarde a todos.
Nádia, por favor, antes de você ir embora gostaria de lhe falar. Venha até
minha sala, quero um relatório das atividades do dia.
- Pois não, doutor.
Antes de entrar na sala de Jorge, Nádia
encontrou-se com Ester, que estava de saída.
- Nádia, você não vai
no barzinho hoje? Vai fazer hora extra? Ah, mas que folga desse cara, hein?
- Vou sim, pode me
esperar lá. Termino rápido aqui e vou direto. Tudo bem? Despediu-se da amiga e
entrou na sala de Jorge.
Fechou a porta atrás de si e ficou ali, de
pé, olhando para ele. Jorge se levantou, caminhou em sua direção, parou e
sorriu.
- Como passou o dia
hoje? Foi tudo bem?
- Foi. Eu estive
pensando... Nádia parou de falar quando Jorge tocou seu rosto, se aproximou e a
beijou.
Beijavam-se feito loucos. Uma tensão sexual
crescente havia se acumulado em ambos durante todo o dia, um fogo acendido no dia anterior,
quando Nádia experimentou o melhor orgasmo de sua vida e Jorge ficou totalmente
impregnado pelo cheiro da pele de Nádia.
- Só pensei em você o
dia todo, precisava te ver. Disse Jorge, já arrancando a roupa de Nádia.
- Isso é loucura, meu
Deus. Também pensei em você.
Jorge tirou a roupa de Nádia, virou-a de
costas para ele, levou-a até o encosto do sofá. Mordia sua nuca, beijava suas
costas. O cheiro da pele de Nádia fazia Jorge perder a noção de tudo. Sua vontade
era sorver cada pedacinho dessa mulher deliciosa. Dobrou o corpo de Nádia sobre
o encosto do sofá, desceu beijando até suas coxas, mordeu suas nádegas e, com
volúpia, enfiou a língua naquela coisinha linda e cheirosa. Sugava, sorvia,
lambia. Nádia tinha um gosto adocicado, um azedinho discreto e um cheiro
gostoso, era como saborear uma maçã verde. Era isso, a xoxota de Nádia tinha
gosto de maçã verde.
Nádia não acreditava no que acontecia, jamais se
imaginou em uma situação dessas. Vibrou de prazer quando sentiu a língua de
Jorge em seu anus, pressionando, provocando um arrepio intenso. Nunca na vida
fizera algo tão obsceno. Gemia alto.
Jorge penetrou-a naquela posição. Acariciava
sua costas, pegava-a pela cintura, massageava seus seios. Nádia gritava, seu
corpo balançava no movimento de Jorge. Estava linda, apoiada no
encosto do sofá, o traseiro empinado e os cabelos caídos sobre o rosto.
Transaram por horas, nas mais diversas
posições. Beijaram-se, olharam-se, amaram-se.
- Preciso ir embora.
Tinha um compromisso com a Ester, mas vou ter que arranjar uma desculpa amanhã.
- Que pena. Por mim
ficava a noite toda aqui. Disse Jorge, acariciando-a nos cabelos.
- O que é isso que
tem rolado entre a gente? É uma loucura, nem te conheço direito. Você pode não
acreditar, mas isso nunca aconteceu comigo.
- Eu acredito. O que
rola entre nós é tesão, química. É o melhor sexo que existe, quando há
cumplicidade de corpos.
- Eu sou noiva, vou
me casar. Você também sabe disso, não é?
- Sei. Mas o que estamos
fazendo não é namoro, nem noivado, é só sexo. Jorge sorriu de maneira charmosa.
- É, e eu nunca
imaginei fazer isso. É engraçado, mas uma amiga sempre me disse que um dia isso
iria acontecer. Não posso negar que está sendo ótimo.
-
As semanas foram passando e o caso entre os
dois prosseguia. A cada vez que se amavam o tesão aumentava, a cumplicidade de
corpos melhorava e o prazer do sexo era mais intenso. Transavam todo dia, até duas
vezes no mesmo dia. Foi impossível que seu noivado não esfriasse. Não que
um dia tenha sido quente, mas havia carinho. Porém, nos últimos tempos, a coisa
andava totalmente fria, já não via graça nos assuntos e se irritava com a
mesmices de Cláudio. E não era só com o noivo que a coisa ia mal, Ester também
cobrava sua atenção. Nádia se sentia culpada, pois nem Cláudio e nem Ester eram
responsáveis de nada, apenas ela, Nádia, estava numa fase intensa de emoções e isso
refletia em sua vida cotidiana.
-
Numa manhã, ao chegar para trabalhar, foi
chamada na sala de Jorge. Após os amassos de sempre, Jorge disse:
- Neste final de
semana vou participar de um evento no Rio de Janeiro, um encontro de advogados
num hotel de luxo. Gostaria que você fosse comigo. Não é trabalho, você vai
como minha acompanhante. Você aceita?
- Não sei. Eu
gostaria, mas fico com medo.
- Não tenha medo, lá
ninguém te conhece e você apenas estará me acompanhando. Se alguém perguntar eu
digo que você é minha secretária e que está a trabalho. Vamos?
- Tudo bem.
-
Chegaram no Rio de Janeiro no começo da
noite. Houve apenas tempo para passarem no hotel e se prepararem para o evento.
Nádia se vestiu maravilhosamente, à altura do evento. Enquanto aguardava por
Jorge e no caminho para a festa, sentia-se meio esquisita, não sabia o que era,
mas não era agradável.
Durante toda a festa, Nádia reparou nas
pessoas. Muita gente rica, muito figurão, advogados acompanhados de mulheres
extremamente bem vestidas, apresentando-se mutuamente como uma grande cena de teatro. Tudo aquilo soava meio
falso para ela. Via os homens desfilarem com suas mulheres como se estas fossem
seus troféus, e, certamente, muitas daquelas não eram esposas. Era um mundo
diferente, afetado, cerimonioso que ela não gostou de se imaginar participando.
Sentiu saudade de casa, sentiu saudade de Cláudio e sentiu saudade das risadas
com seus amigos, risadas genuínas, despretensiosas.
Mais tarde, no hotel, fizeram sexo como
sempre, intenso, safado, prazeroso. Mas Nádia percebeu que era apenas isto,
sexo. Não gostaria de se tornar mulher de Jorge, nem de frequentar estas festas
e eventos chiques e fúteis. Claro que o casamento com Cláudio não seria uma
montanha russa de emoções e se ela fosse uma mulher com grandes necessidades
emocionais não se casaria com ele. Mas ela não tinha essas necessidades e,
sinceramente, faria com todo prazer a vontade dos pais e a vontade de Cláudio,
se casaria, mas jamais se esqueceria que guardava dentro de si uma fêmea
ardente, capaz de proporcionar a um homem um prazer único, ela sabia ser safada, intensa, se quisesse, e isso a deixava feliz. Era uma mulher que comandaria sua vida de agora em diante.
Quanto a Jorge, continuou sendo um bon vivant, teve muitas mulheres, se
casou com uma linda moça capaz de circular elegantemente pelos salões cariocas,
mas nunca se esqueceu do gosto maravilhoso de maçã verde que verdadeiramente mexeu com sua
cabeça.