Acordou bem cedo, como de costume. Fez o café, sorveu-o
lentamente olhando perdido para a parede da sala. Demorou-se naquela manhã mais
que o habitual, algo o prendia ali, uma certa melancolia. Com
esforço, saiu para cuidar dos animais e foi recebido pelo cantar do Bem-Te-Vi.
Sorriu, como sempre fazia, devolveu o bom dia, mas percebeu que até o pássaro parecia tristonho
naquela manhã. Cumpriu as obrigações caseiras, lavou o rosto, tomou a água da
moringa e pegou o caminho da estrada. Tinha ainda muito que fazer. Sentia mesmo
algo estranho naquela manhã. Foi quando sentiu um perfume, um perfume
conhecido, um perfume do passado. Não sabia de onde vinha, nenhuma flor daquela estradinha possuía
aquele perfume. Lembrou-se de um sorriso, viu num relance um jogar de cabelos, um
andar. O coração apertou junto com os seus passos. Caminhou rápido para fugir
daquilo. Mergulhou no trabalho. Voltou para casa cansado. Tomou um banho
gelado, se serviu de um trago de cana, acendeu o cigarro de palha e sentou na
varanda. Viu o pôr do Sol da sua cadeira de balanço ouvindo o boa noite do
amigo Bem-Te-Vi. A penumbra do início da noite ocultou a lágrima discreta que
rolou pela sua face. Ali, naquele seu cantinho distante, o que lhe restara? O trabalho, o
Bem-Te-Vi e uma saudade...
Um comentário:
Senti o cheiro desse café....rsss
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