domingo, 12 de agosto de 2012

Pôr do Sol na Varanda


Acordou bem cedo, como de costume. Fez o café, sorveu-o lentamente olhando perdido para a parede da sala. Demorou-se naquela manhã mais que o habitual, algo o prendia ali, uma certa melancolia. Com esforço, saiu para cuidar dos animais e foi recebido pelo cantar do Bem-Te-Vi. Sorriu, como sempre fazia, devolveu o bom dia, mas percebeu que até o pássaro parecia tristonho naquela manhã. Cumpriu as obrigações caseiras, lavou o rosto, tomou a água da moringa e pegou o caminho da estrada. Tinha ainda muito que fazer. Sentia mesmo algo estranho naquela manhã. Foi quando sentiu um perfume, um perfume conhecido, um perfume do passado. Não sabia de onde vinha, nenhuma flor daquela estradinha possuía aquele perfume. Lembrou-se de um sorriso, viu num relance um jogar de cabelos, um andar. O coração apertou junto com os seus passos. Caminhou rápido para fugir daquilo. Mergulhou no trabalho. Voltou para casa cansado. Tomou um banho gelado, se serviu de um trago de cana, acendeu o cigarro de palha e sentou na varanda. Viu o pôr do Sol da sua cadeira de balanço ouvindo o boa noite do amigo Bem-Te-Vi. A penumbra do início da noite ocultou a lágrima discreta que rolou pela sua face. Ali, naquele seu cantinho distante, o que lhe restara? O trabalho, o Bem-Te-Vi e uma saudade...

Um comentário:

Anônimo disse...

Senti o cheiro desse café....rsss