quarta-feira, 30 de maio de 2012

Olhar de Menina.


Olhar de Menina

A firmeza é forjada no campo,
correndo em volta da praça,
sentindo o pulsar do mundo
nadando num riacho.

De fome espetacular.
Curiosidade aguçada.
No pai, tem um herói.
No marido, o companheiro.
No filho, o grande amor.

Cabeça erguida, sempre.
Cheia de entusiasmo.
Sorriso.
Teimosia.
Força.

A falta da mão da mãe
não gerou, em si, tristeza.
Aceitação?
Entendimento natural.

Um modo de ver a vida
sem muitos “porquês”.
Sorver o prazer de tudo
é muito mais interessante.

Ah, o olhar de menina.
Quando brota é espoleta, alegria, fogo.
Quando recolhe é potência, realização.
Como entender o olhar da menina?
Ingenuidade?
Felicidade, com certeza.

Uma certa melancolia,
mas que nunca toma conta.
Muito mais importante
é o degustar da ambrosia.

Chego, assim, distraído,
sem muita preocupação.
Era para mim desconhecida,
e dela nada esperava.
Não empunhei minhas armas,
nada fiz de especial.

Mas o olhar de menina
nunca se faz de rogado,
não tem intenção alguma,
apenas existe.
Devolveu-me, sem cerimônia,
o que estava a tempos distante:
a esperança.

Houve um tempo em que eu era puro.
Será que já tive este olhar?
Seguindo sempre meu lema
eternamente insatisfeito,
desconfio de tudo e todos,
ou melhor,
desconfiava.

Me ensina a ter este olhar?
Me ensina como enfrentar?
Me ajuda a resolver,
a consertar a tomada,
trocar a lâmpada queimada,
iluminar meu coração?

Se acreditasse num deus, diria:
presente dele!
No que me fez acreditar, és,
simplesmente,
presente da vida.








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