domingo, 27 de maio de 2012

Lembranças


O Quintal do meu avô

Um lugar cheio de vida,
Fábrica de fantasias.
Um mundo que não volta mais.

Era um ponto de acolhida,
De alegria infinita,
Que na memória agora jaz.

Lembro da jaboticabeira,
Que formava com a laranjeira
O melhor ponto de encontro
que tive na vida inteira.

Encontrar primos queridos,
Correria e alaridos,
Tropicões e revestrés.
Por lá ecoam vozes,
Analús e samuéis.

Que dizer da emoção
Quando sentados no chão,
Ouvíamos de boca aberta
Histórias e aventuras secretas
Do nosso avô do coração?

Vô Ricardo era assim,
Vendedor de ilusão,
Carinhoso e durão,
Com seus causos a granel
Levava a gente pro céu,
Adoçando nossas bocas
Com suas balas de mel.

Foi uma época querida
Que marcou as nossas vidas
mas que o tempo levou.
Meu avô foi muito cedo,
não contou esse segredo,
E o nosso esteio se quebrou.

Nunca mais nos reunimos,
Os causos, não mais ouvimos,
Aquela casa veio ao chão.

No lugar há um predinho,
Bonitinho e charmosinho.
Passo lá sempre que posso
Mas com dor no coração.

Fico lá observando,
Como que recordando,
Meu avô, meus tios, meu chão.
Não tem mais jaboticabeira,
Também não há laranjeira,
E nem a bala de mel.

O que resta é a lembrança
Do quintal do meu avô.
A ele sempre regresso
E com orgulho e muito afeto
descrevo-o hoje em meus versos
e os coloco no papel.








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