quinta-feira, 30 de agosto de 2012

O Meu Sonho (Bom Dia Flor do Campo)


Onde é que está  meu sonho?
Acabei de acordar
Ele era tão bonito
Sob a noite de luar.

Onde é que está meu sonho?
Onde está  meu bem querer?
Eu procuro em todo canto
Já não sei o que fazer.

O meu sonho era tão doce
Eu pertinho de você
Respirando devagar
Pra lhe dar muito prazer.

Eu olhava nos seus olhos
Afagava o seu rosto
Eu beijava sua boca
Eu sentia o seu gosto.

Onde é que está meu sonho?
Porque acordei assim?
Sinto o cheiro da sua pele
Seu perfume está em mim.

Como dói minha saudade
Que machuca o meu peito,
Mas não posso ter seu toque
Então sofro, não tem jeito.

No meu sonho eu corria
Livremente para amar
Era enorme a alegria
Por que eu fui acordar?

No meu sonho eu te dava
Muitos beijos e abraços,
Meu sorriso de menino
Envolvido nos seus braços...




Favo de Mel


Que saudade de você,
Essa dor é tão cruel,
Sinto falta do seu gosto
Meu doce favo de mel.

Seu mirim é tão sozinho
Isolado num quartel,
Dá pra mim o seu sorriso
Meu lindo favo de mel.

Eu não quis essa história
Não escrevi esse cordel
Mas eu sinto sua falta
Gostoso favo de mel.

Eu sou tão pequenininho
Perto desse carrossel,
Mas respiro bem pertinho,
Com carinho, favo de mel.

Eu bem sei que não me queres
Mesmo assim serei fiel
Escrevendo meus poemas
Com amor, favo de mel...

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Pra onde o Vento Sopra

Que delícia é o vento
Quando sopra o nosso rosto,
Nos beija, acaricia...
Um frescor, um carinho, um gosto.

O vento sopra de longe
Leva a semente no ar.
Ela voa até que o acaso
De repente a faz pousar.

Ela cai em solo fértil
Muda tudo ao seu redor
Dá sabor, um colorido
Faz a vida ser melhor.

Mas se o vento da campina
Faz a flor assustada
Cabe ao bom jardineiro
Embalar a sua enxada.

Vai-se embora, jardineiro
Deixe a rosa no lugar
E a saudade no seu peito
Dói até pra respirar.

Minha linda flor do campo
Foi tão bom poder sonhar
Eu te levo aqui comigo
Meu detalhe para amar.

Nada é mais gostoso do que o carinho de respirar bem de pertinho...

domingo, 26 de agosto de 2012

Flor do Campo Perfumada


Eu te peço com carinho
Pra curar minha ferida.
Vou fazendo bem-me-quer
Com uma flor de margarida

Mata minha saudade
Doce menina brejeira,
Me acalma o coração
Feito flor de laranjeira.

Imitando “seu” Varela
Que rimou tudo com “á”
Apacenta minha paixão
Linda flor do maracujá!

Esse amor em epopeia
Que germina no meu peito
Só o perfume da azaleia
É que pode dar um jeito.

Você é minha flor do campo
Embalada pela brisa
Que gostoso é o seu cheiro
Na gola da minha camisa.

Foi Assim...

Tudo nasceu na simplicidade, na simplicidade que permeia todo um solo fértil onde uma semente jogada ao vento pousou. Ela germinou nas intensas discussões sobre todos os assuntos, nas risadas, nos olhares examinadores sobre aquela criatura ao meu lado (e ao seu lado), no primeiro bilhetinho carinhoso que puxou o primeiro poema, que roubaram os primeiros sorrisos... Os primeiros abraços travados, o primeiro passeio na capelinha de São Jorge, o choro do menino dentro do carro (que abriu as torneirinhas dos olhos), o Mágico que tirou lágrimas da menina, as primeiras lembranças com saudade... Vieram os amigos encantados: o grande Zé Barnabé ganhou as tardes e deu os doces e o jardineiro que se apaixonou pela linda flor do campo... A única coisa que quero é continuar a vida toda te roubando sorrisos...

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Fases da Lua

Lua cheia ilumina meu caminho
Vai, diz a ela que não quero ser sozinho.
A Lua minguante se foi,
Lua nova começou,
A crescente está presente
Se abastecendo de amor.

Lua cheia diz a ela
Os medos do seu menino...

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

No silêncio da Noite.



Existe um menino tão bobo que se acha feio demais, sozinho demais, pequeno demais. Existe um menino tão bobo que sonha em ser feliz e os olhos brilham nesse sonho. Ele ri, ele corre, ele brinca, ele olha, ele abraça, ele beija... Desculpe o menino, menino bobo, menino ridículo, ridiculamente feliz...
Que em qualquer situação meus olhos nunca percam o brilho do menino, o brilho das estrelas e nem essa deliciosa sensação de não saber o que fazer, esse medo de que tudo tem sido só um sonho e essa insegurança danada que eu nunca imaginei que tivesse... O menino vai ficar no lugar dele.

Fecho meus olhos feliz
Sentindo gosto de mel
Toco suas mãos por um triz
Na hora de passar anel.



quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Mais Bonito que o da Lua

Olhei a Lua crescente
Lá no céu, como um sorriso
Lembrou-me algo mais belo
Que arrebata sem aviso.

Quando eu vejo o sorriso
Mais bonito que o da Lua
Fico bobo, encantado
Bem querer que se acentua.



Tudo ao Mesmo Tempo


Estava uma noite agradável e a comida até que não deixava a desejar. Ele olhava para aquela mulher à sua frente, que falava sem parar, e pensava na vida, ora dando um sorriso ora balançando a cabeça afirmativamente, como que a encorajá-la a prosseguir. Enquanto ela falava, ele pensava nas mulheres, nas mulheres que já havia conhecido. Pensava em como era fácil para ele sempre encontrar uma mulher; encontrar não, ser encontrado, porque se dependesse do seu desprendimento em se aproximar de uma mulher, seria virgem até hoje. Tinha preguiça em tomar a iniciativa. Mas de alguma forma que ele não compreendia, as mulheres se aproximavam, sempre.

Essa mulher que agora falava freneticamente era mais uma que havia chegado até ele. Era sempre assim, fácil. E também confortável, porque dessa forma ele mantinha sua guarda fechada, só mostrava a imagem de um homem forte, seguro e, gostando de mulher, sabia no que aquilo ia dar e deixava as coisas seguirem por si só. Por vezes as mulheres falam sem parar, isso é normal, como ele tem seus medos, as mulheres também os têm, e às vezes falam como um teste inconsciente ou uma forma de demonstrar firmeza. Mas no fundo, o que elas aguardam ansiosamente é que aquele homem as veja, e as vendo, goste do que vê, e demonstre isso, as deixando tranquilas. Ouvir atentamente o que uma mulher fala é apenas parte da verdade. É preciso enxergá-las por detrás do batom, da roupa bonita, do salto alto, e dizer, mesmo que não seja por palavras: “eu gosto de você do jeito que você é”.  A questão era que até o momento nenhuma mulher foi capaz de fazê-lo deixar a sua preguiça. E, portanto, ainda não havia tido o prazer de sorver a delícia de conhecer uma mulher do jeito que ela merece.

Mais tarde, após deixar a moça falante em casa, caminhava pensando em como a vida é um jogo de esconde-esconde. Todo mundo vive se escondendo, com medo, nunca se mostram de verdade, mas sempre deixam para fora do esconderijo uma perninha, um pedaço do braço, alguma parte que dê pistas para ser encontrado. A nossa vontade na verdade é ser encontrado, mas quando alguém esperto o bastante nos acha, voltamos a procurar um novo esconderijo, com medo. Ele sorria porque sabia exatamente como funcionava esse jogo. Quem sabe um dia ele sentiria um imenso prazer em achar uma mulher escondida, em encontrá-la todos os dias, tirá-la do esconderijo, beijá-la, fazê-la feliz e deixar que ela se esconda novamente, só para poder encontrá-la de novo, para o deleite de ambos. Toda mulher gosta que a encontrem, que achem seu esconderijo, aí ela se entrega, por um tempo, até que se esconda de novo. Um bom relacionamento é aquele em que o homem sabe encontrar a mulher escondida e que a respeite quando ela voltar para o esconderijo, esperando o momento certo de voltar a encontrá-la.

Mas, e ele? Será que um dia alguém o achou? Não, nunca. Para alguém achar seu esconderijo ele precisaria deixar, querer. Aí, somente quando alguém realmente fosse importante para ele. Quem sabe uma beleza genuína, uma flor do campo legítima. Continuava caminhando e pensando. Pensava no poema de Drummond, que era gauche na vida. Ele sempre se sentiu estranho na vida, desde criança.  Quando criança, muitas vezes se pegava perguntando o que era esse mundo e ficava assustado ao compará-lo, com suas esquisitices, com o outro encantado que às vezes ele visitava. Na juventude continuou viajando para o outro lado, mas tentava viver neste aqui com a fantasia de lá, e conseguia. Até que a vida real se impôs e o mundo encantado ficou distante demais. Aí, teve que se proteger, construiu uma imagem, colocou uma armadura e aprendeu a jogar.

Viveu a vida como se não pertencesse a esse mundo. Mas como tinha que vivê-lo, fez o que todo mundo fazia, e bem. Mas nunca se acostumou com a seriedade com que as pessoas fazem as coisas, elas se levam a sério demais, era angustiante, não fazia sentido algum tudo aquilo. Mas ele fez de tudo, foi bom em tudo e largou tudo, depois de um tempo. Uma angústia apareceu. Ele não entendia aquela correria toda, não suportava ver todo mundo obedecendo regras das mais idiotas quando, no fundo, o que queriam era mandar tudo às favas. Mesmo tendo desejos de liberdade, as pessoas continuam presas, e se levando a sério. Alguns fazem coisas escondidas, aquelas coisas que a “seriedade” coletiva não toleraria à luz do dia; outros encontram anestésicos válidos nos seus momentos de folga. Mas ele realmente não pertencia a isso, pelo menos não de alma, mas de corpo era inevitável e tinha que conviver da mesma forma com todas as coisas, e dá-lhe angústia.

Parou um pouco para respirar observando a Lua. Lembrou-se de quando o mundo encantado começou a se aproximar de novo. Foi tudo muito doloroso, aconteceu em meio ao caos completo que sua vida se tornara. Mas ele descobriu aos poucos, pelas mãos de pessoas especiais, que a angústia passava numa determinada atividade que começou a fazer. As coisas seguiam bem divididas, no dia a dia desgastante e na atividade gratificante. Perambulava entre a raiva que nutria pela hipocrisia reinante e pela impotência em sair das suas situações pessoais, e os momentos de encontro consigo mesmo e, aos poucos, também com o mundo encantado. Nesses momentos, a raiva era trocada pela compreensão e pela cumplicidade do olhar. Mas tudo era imensamente cansativo.

Como seria bom poder abrir sua guarda um dia e mostrar de verdade quem era. Como seria bom viver algo verdadeiro, sem se sentir um peixe fora d’água ou ficar só na superfície, se mantendo seguramente distante de qualquer ameaça. Ele não sabia como essa vontade seria despertada, mas certamente não poderia envolver os desejos comuns que envolveram suas outras relações. De alguma forma deveria envolver pureza. Algo mais próximo ao mundo encantado do que a este mundo. E também deveria envolver amor, sem dúvida nenhuma. E abrindo a armadura mostraria os seus medos, poderia voltar a ser menino, sorrir de bobagens de verdade. Como seria bom algo que fosse enraizando na confiança, que fosse crescendo sorvendo a seiva da amizade, que a cumplicidade do olhar pudesse criar passeios encantados e que, mesmo em meio à confusão ou à hipocrisia reinante do cotidiano, esse olhar tivesse a capacidade de se encontrar e, sem palavras, se compreender mutuamente. Como seria bom poder chorar. Ele nunca chorava na frente de ninguém. Como seria bom poder enxergar o outro como ele é e gostar disso, conhecer uma pessoa que tenha verdade no que faz e que não provocaria nele o desdém da mesmice ou a repulsa que sente por aqueles que fazem tudo como manda o figurino. Como seria bom poder sentir carinho ao ver a pessoa escondida  e roubar-lhe um sorriso ao encontrá-la. Como seria bom compor poesias, poesias sem fim, uma por dia, deixando brotar sentimentos gostosos e colocando-os no papel. Como seria bom contar histórias, distribuir carinho, aplacar dores sem que estivesse diante de alguém no fim do caminho. Como seria bom falar besteiras, ser homem e ser menino, ser firme e ser chorão, dar e receber carinho, sentir bater o coração, tudo junto, ao mesmo tempo.

Nada de rótulos

 Isso é isso, aquilo é aquilo. De repente, a confusão. Não há mais segurança de nada. Como definir algo indefinível? Pobre rotulador, ficou totalmente perdido. Enfim, descobriu que algo que é capaz de o levar de volta no tempo, de retornar à praça de sua infância, de trazer sensações que achava que não tinha, de misturar delícia com sorriso, olhares com vergonha (que gostoso é o acanhamento...), sonhar de olho aberto (lindos sonhos...), saudade toda hora (quem diria isso um dia...), não querer ir embora...descobriu que algo assim não tem rótulo. Eu não me acho, estou apenas sorrindo...muito...

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Depois do Temporal

Inspirado no Samba de raiz, feito por gente simples, macumbeiros, mas, que por inspiração, constroem poesias de gente sofisticada:

" Depois do temporal, a Lua cheia
Passeou no Ceú...
A Lua cheia passeou..."
Passeia Lua de prata
Adocica essa vida ingrata
Ilumina o meu amor.
Depois do temporal
Vem sempre a bonança
E há sempre a esperança
De um lugar ao Sol.
Depois do temporal...

Ps: Um simples carinho para aqueles que partiram com esperança e, falando de Lua, também um carinho em quem que carrega São Jorge no peito e que tem o olhar mais delicioso do mundo.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Sinestesia

Bate forte o coração
Com gosto de adrenalina,
Os meus olhos saboreiam
A doçura da menina.

O perfume da beleza
Com cheiro de coisa pura,
Um sorriso adocicado
Aconchego com ternura.

Flor do campo que perfuma,
O mel que da o sabor
A textura que da forma
Na sinestesia do amor.

Outro dia sonhei
que ajeitava um cobertor,
esse sonho representa
a singeleza de um amor.
Fiz isso no meu sonho,
 isso é carinho verdadeiro,
eu só sinto muito, lamento,
não poder ter feito o mesmo
naquele lindo momento.
Eu pedi ao amigo Sol
que ao acordar de manhã
beije seu rosto por mim,
na esperança que perdoe
esse seu ogro mirim...

Gotas de Felicidade



É tão bom saborear
Gotas de felicidade,
E é bom poder amar
Com pureza e com verdade.

Lembro de cada detalhe
Dos olhares que me deu,
Deu carinho, deu sorrisos
E um menino apareceu.

Você é minha flor do campo
E eu, jardineiro chorão,
Te dedico meus poemas,
Do fundo do coração.

Você vai ser minha saudade,
Nos momentos de candura,
O meu doce suculento,
Meu afago com ternura.

Não consigo evitar
Contorcer as mãos assim
Eu me sinto ridículo,
Sensação muito ruim.

Todos me enxergam forte
Quando olham para mim.
Mas pertinho de você
Sou apenas seu mirim.


Apenas Seu Mirim

Todos me veem forte
Quando olham para mim
Mas pertinho de você
Sou apenas seu mirim...

Bom dia flor do campo!

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Olhos de Estrelas

Quem é capaz de ver que há estrelas em um olhar?
Somente quem está bem próximo é que pode apreciar.
Com o olhar se pode tudo, ele diz toda a verdade.
As estrelas nos meus olhos são lágrimas de felicidade. 
Como eu me vejo bonito no meu espelho predileto,
no meu doce e medroso espelho, transbordando de afeto.
Nesse espelho tão lindo eu vejo um menino sorrindo,
fazendo um homem chorar,
e vejo a menina correndo,
fazendo a garota sonhar...

Olhe as minhas estrelas,
que derramo com emoção,
elas brilham nos olhos
de um pobre menino chorão.

Muito obrigado, menina
por ter esse espelho no olhar,
nele eu posso aprender
como é bonito chorar.

O seu ogro rimador
fará poemas sem fim
pra te roubar um sorriso
ao lembrar do seu mirim...

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Carinho


Procurei arduamente
Uma rima pra carinho,
Encontrei palavras belas
Terminando tudo em inho,
Para expor meus sentimentos
Nas estrofes de um versinho.

Logo vi que não deu certo
Terminar tudo com inho
Porque assim só termina
O que é pequenininho.
Não combinou nem um pouco
Com meu enorme carinho.

Decidi mudar a rima
E escrever com o coração,
Descrever o meu carinho
Com ternura e emoção.

Como é bom sentir carinho,
Um bem querer acolhedor,
Um sentimento tão bonito,
Irmão gêmeo do amor.

O carinho faz a gente
Cuidar bem de quem se gosta
E um olhar cheio de afeto
É nossa melhor resposta.

Alimento esse carinho
Com doçura e amizade
Porque tê-lo no meu peito
Só me traz felicidade...


terça-feira, 14 de agosto de 2012

Carinho de Passarinho

Todo dia de manhã
Feche os olhos com atenção
Ouvirá minha canção
Que compus só pra você,

Ela fala de carinho,
Ela é simples, mas é bela,
Tocada em frente a janela
Por um bando de passarinhos.

Como é bom sentir carinho,
Um gostoso bem querer,
Meu sorriso vem na hora
Quando lembro de você.


domingo, 12 de agosto de 2012

Um Olhar


Muitos não se dão conta
Da energia de um olhar:
Seja ele amedrontado, profundo,
Distante, cortante,
Perverso, suplicante,
Discreto, vacilante,
Alegre ou apaixonante...

Às vezes o pulsar de um instante
Já é tempo bastante
Pra uma história contar.

Um olhar é como um bichinho
Que vive sempre assustado,
Anda sempre disfarçado
Para o perigo não ver.

Mas um olhar aguçado
Acha o bichinho escondido
E sem o seu esconderijo
Não há para onde correr.

Mesmo quando cansado,
Momentos desesperançados,
O fino olhar aguçado
Nunca desapareceu.

Atenuando a dor alheia
Quando a luz da velha candeia
Está quase a se apagar,
Se realiza no brilho, na beleza do alívio,
Do descanso do outro olhar.

Houve um tempo sombrio
Em que o olhar aguçado
Olhava pra todo lado
Vivia sempre esgotado
Sem saber o que fazer.

Foi aí que entrou em cena
O olhar de uma bela pequena
Todo cheio de amor.

Aliviou a minha dor,
Fez o tempo correr fácil,
E mesmo no mau humor
Quando mandei embora
Não ligou, não deu bola
E do meu lado ficou.

E quando um olhar de menina,
De uma doce criança medrosa,
Chega em mim todo prosa
E fisga meu coração?
Ah esse olhar de menina
Gravado na minha retina...

Aí não dá pra explicar,
É uma festa, uma bonança,
É o retorno da esperança,
E eu choro feito criança
Toda hora, sem parar.


Pôr do Sol na Varanda


Acordou bem cedo, como de costume. Fez o café, sorveu-o lentamente olhando perdido para a parede da sala. Demorou-se naquela manhã mais que o habitual, algo o prendia ali, uma certa melancolia. Com esforço, saiu para cuidar dos animais e foi recebido pelo cantar do Bem-Te-Vi. Sorriu, como sempre fazia, devolveu o bom dia, mas percebeu que até o pássaro parecia tristonho naquela manhã. Cumpriu as obrigações caseiras, lavou o rosto, tomou a água da moringa e pegou o caminho da estrada. Tinha ainda muito que fazer. Sentia mesmo algo estranho naquela manhã. Foi quando sentiu um perfume, um perfume conhecido, um perfume do passado. Não sabia de onde vinha, nenhuma flor daquela estradinha possuía aquele perfume. Lembrou-se de um sorriso, viu num relance um jogar de cabelos, um andar. O coração apertou junto com os seus passos. Caminhou rápido para fugir daquilo. Mergulhou no trabalho. Voltou para casa cansado. Tomou um banho gelado, se serviu de um trago de cana, acendeu o cigarro de palha e sentou na varanda. Viu o pôr do Sol da sua cadeira de balanço ouvindo o boa noite do amigo Bem-Te-Vi. A penumbra do início da noite ocultou a lágrima discreta que rolou pela sua face. Ali, naquele seu cantinho distante, o que lhe restara? O trabalho, o Bem-Te-Vi e uma saudade...

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Simplicidade


Eu só quero ser simples. Estando de terno, de bermuda, no teatro ou no buteco. Por muito tempo eu não sonhei. Por muito tempo eu caminhei amargurado, envelhecendo. Por muito tempo eu trilhei o caminho comum de todo mundo, junto à mesquinhez ignorante, à vaidade futil, à arrogância tola e ao acúmulo desnecessário, e só não me perdi porque parei para ajudar quem já estava no fim da estrada. Faz um tempinho que eu voltei a sonhar e a querer ser simples. Simples como um sorriso, que não necessita riqueza para ser gostoso. Simples como um caminhar de fim de tarde proseando com o Sol. Simples como a honestidade. Simples como o amor e a amizade.Simples como a consciência de que se é capaz, se quiser. Ter a sofisticação simples de olhar e enxergar a quem se ama é a melhor forma de dizer eu te amo. Melhorar, progredir, seguir em frente e ajudar. Simples assim: felicidade é generosidade. Nessa nova existência de menino, quero ser cada vez mais sofisticadamente simples. Nada vale mais a pena na vida do que um sorriso cúmplice daqueles que sentem que a vida é bem mais simples do que se pensa. Não tenho medo de decepções porque a magia de um sorriso é bem mais simples do que se imagina. Simples assim.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Poema Simples


Hoje eu fiz mais um poema
Que surgiu da inspiração.
Todos nascem dessa forma:
Direto do coração.

Um poema é um carinho,
Um afago com jeitinho
Que se da a quem se gosta.
Leva amor, leva saudade,
Leva afeto, amizade,
Tem no brilho de um sorriso  
A sua melhor resposta.

É um jeito bem gostoso
De trocar um bem querer.
Faz alegre o coração
Do poeta e de quem lê.

Eles brotam de repente
Invadindo a minha mente.
Escrevo sempre sorrindo
E as palavras vão saindo.
A cada verso terminado
Eu me lembro de você
E antevendo seu sorriso
Volto logo a escrever.

Eu não sou nenhum poeta
Nem rimar direito eu sei.
Mas fazer esses poemas
Foi o jeito que encontrei
Pra alegrar o dia dia
Do olhar que mais amei.

Eu queria ser melhor
Fazer poemas de verdade.
Mas não tenho capacidade,
Só consigo ser assim,
Um poeta simplezinho,
Que compõe devagarinho
Poesias de mirim.


segunda-feira, 6 de agosto de 2012

O Jardineiro

Um bom jardineiro cuidava de todas as plantas. Mas um dia ele encontrou uma flor do campo e ficou muito feliz, porque é bem raro encontrar uma legítima flor do campo. Ele se aproximou, viu a beleza da pequena florzinha, sentiu seu delicado perfume... O jardineiro reparou que a forzinha cresceu num ambiente difícil, mas cresceu bonita, e à sua volta tudo ganhou vida: o delicado alecrim sempre sorri olhando para ela, como um lindo filho, as graminhas a cercam dançando felizes junto com ela no balanço do vento, as abelhas a visitam sempre, para buscar o seu néctar, o "dorme joão" a venera tocando uma música, uma serenata, e até mesmo o velho carvalho durão sorri por dentro quando olha para ela. O bom jardineiro repara que a florzinha é colorida, é delicada, mas tem espinhos. O jardineiro entendeu o quanto deve ter sido difícil para a florzinha se estabelecer ali, ele imaginou quanto perigo ela passou, quantas noites de frio, quantos insensíveis que tentaram arrancá-la do chão e quanto o vento forte a fez por vezes se encolher de medo. Entre o espinho que ameaça a quem incomoda e o colorido que alegra a quem a conhece, o jardineiro vê apenas a florzinha e o seu coração se enche de bem querer. Sem que ninguém lhe pedisse, por puro deleite e carinho, ele limpa o chão em volta da florzinha, tira suas pétalas velhas para renová-la, da de beber à florzinha e, num descuido, espeta o dedo num espinho. O jardineiro suga a gota de sangue e sorri: êta plantinha danada... O jardineiro se vai, uma flor do campo deve ser deixada onde está, pois tudo à sua volta depende dela para ser feliz. Todas as vezes que o bom jardineiro cuidar de uma planta, vai se lembrar da pequena florzinha do campo (que ele teve a sorte de encontrar), da espetada no dedo e do quanto ficou mais feliz e melhor jardineiro depois de tê-la encontrado... E não custará nada, enquanto ela dormir, sem que ela perceba, voltar a dar de beber à colorida florzinha, ou pedir ao Sol, seu amigo e cúmplice nas poesias matinais, que capriche nos raios aquecedores todas as manhãs e que o ajude a deixar sempre a florzinha do campo feliz, com um sorriso de lado, sentindo-se especial...

domingo, 5 de agosto de 2012

Tem Espaço no Coração...

Será que o meu coração é grande?
Eu não sei o tamanho dele,
Mas sei que tem bastante espaço.
Quem eu amo está lá dentro.

Se num dia que você acordar
Eu não estiver presente,
Lembre-se:
Eu sempre estarei ao alcance
De um sinal de fumaça.

E na fumaça que eu mando,
Que chega sempre pelas manhãs,
Vai estar o meu sorriso
Junto com o raio de Sol.

Aquilo que é construído com o tempo,
Não obedece mais o tempo,
Não há fim, nem começo.
Minha fogueira está acesa.

Um Homem Olha Pela Janela 1

Sempre que possível, sempre que a correira do dia dia permite, um homem para tudo e olha pela janela. Diz um velho sábio que todos os homens são condenados à vida, e com consciência disso. Viver é saber de antemão o que nos espera. Muitas vezes corremos sem descanso para fingir a nós mesmos que isso não é verdade. Mas a correria nos prende, poda nossas asas. Ao invés de sonhos, passamos a ter somente desejos. Desejar é diferente de sonhar. Para sonhar é necessário ter asas, é preciso ser sincero consigo mesmo, é preciso transcender, fantasiar, ser livre, e é preciso olhar pela janela.
Um homem olha pela janela e enxerga um imigrante; olha de novo e vê um viajante. Das últimas vezes viu o que é ser um jardineiro, e sabe quem o ensinou a ver isso? A própria flor...
continua..(aguardem)

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

O Menino Ogro Não Sabe onde por as Mãos.

Quando eu era mais jovem, um menino legítimo, às vezes acontecia de me encontrar numa situação difícil ou embaraçosa, daquelas que você não sabe o que faz, daí, incontinenti, você começa a torcer as mãos, coloca elas no bolso, boceja, olha o relógio, olha para o céu, tenta disfarçar e, por fim, sem saber o que fazer, fica parado batendo as mãos uma contra a outra implorando para aquela situação passar logo. Acho que todos já passaram por isso. Quando eu era garoto, ficava assim quando tinha que me expor à situações onde eu não tinha o controle e queria ao mesmo tempo mostrar o quanto eu podia ser bom. Mas a emoção acabava minando minha segurança e a dança das mãos começava.
Com o passar do tempo, vamos adquirindo uma casca protetora. Aprendemos direitinho a enfrentar as mais diversas situações sem nos expormos. Por fim, ficamos craques nessas relações pessoais "profundas". Eu não me lembro nos meus últimos 20 anos de vida de alguma situação onde eu não tivesse total controle do que fazia. A vida, e principalmente a vida dura, nos dá uma grande malícia. Olhamos o mundo prevendo o que nos espera e sabemos anular as dificuldades e, no meu caso particular, sabemos conduzir as situações com um certo cinismo, um certo deboche, um certo desprezo, um certo sarcasmo e uma certa superioridade que nos dá condições de sermos expert em situações de vida, principalmente em situações sociais. As insinuantes e ardilosas situações sociais.
Pois bem, esse ogro casca grossa tem se visto nos últimos tempos sentindo-se um menino encabulado torcendo as mãos sem saber o que fazer com elas. O menino quer rir, o menino coloca as mãos nos bolsos, o menino diz uma piada sem graça, o menino fala da vida, o menino vê algo por detrás de tudo, algo lindo e chora. E é uma situação muito angustiante, de verdade! Me pergunto: cadê a minha malícia? cadê o meu desprezo? cadê o meu sarcasmo? Cadê a minha superioridade? Eu respondo: quando voltamos a nos sentir como meninos, quando os meninos incrédulos não se sentem mais sozinhos e vêem um brilho no olhar, são somente isso, meninos...

obs: sabe o que significa voltar 20 anos no tempo? Significa pureza, inocência e alegria genuína. Significa uma emoção que só estando dentro de mim para compreender.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Eu Choro. E o Jeca Tatu?


Por que você me emociona?

Por que o nó na garganta?

Só sai uma voz embargada,

Que se não for cortada, o choro se faz.

Que vergonha...



Não dou conta de olhar nos seus olhos sem chorar.

Por que será?

Eu não quero saber da “margarina, da gasolina e nem da Carolina”,

E eu já sei da menina.

Mas eu choro. Você me faz chorar.

Que vergonha...

Eu não sei explicar.



E o Jeca Tatu?

Como foi sempre puro,

Pra ele seria normal.

Ao invés de chorar, sorriria.

Eu também dou risada.

Eu também tiro sarro na menina levada.

Mas se encaro seus olhos, viro um chorão...



A mim, a pureza emociona.

Olho pro lado e penso: será que é verdade?

Nunca me imaginei assim, criança.

Minhas lágrimas são de gratidão:

É o ogro que chora...


quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Recado pro Sol

Acabei de falar com a Lua, ela tá cheia, bonita. Pedi pra ela informar para o Sol que eu quero falar com ele. Ele respondeu que tudo bem, que anda meio ocupado mas que pode falar rapidinho comigo amanhã no fim da tarde, no mirante, onde ele se põe, aqui pertinho de casa. Maravilha. Aguarde...